#3 de quando eu morei com uma família Húngara
Você pode viajar o mundo inteiro e descobrir mil culturas diferentes — mas o que aproxima são as semelhanças.
1.
O mais lindo no meu mochilão de 6 meses pela Europa (e eu diria que na vida) foram os acasos.
Os movimentos não planejados, os desvios.
Ainda lembro de estar na beliche do meu voluntariado em Toulouse e quase morrer do coração quando vi o preço do transporte para meu próximo destino: Vienna. Eu já tinha um petsit fechado por lá — morei “de graça” durante 7 dias na capital da Áustria.
Como uma boa controladora que quer viver sem tantos planos, eu lembro até de comprar um curso sobre passagens, ficar horas fazendo cálculos e, no fim… aceitar:
vou pagar caro nesse transporte.
Mas - graças a Deus - também sou uma boa viajante, fiz ali uma limonada — e acrescentei um país que sequer tinha a intenção de conhecer.
2.
Uma das estratégias que uso nas minhas viagens é o Couchsurfing (só que em grupo do face só para mulheres). E assim, algumas semanas depois, eu me encontrava dormindo no quarto de uma adolescente na Hungria.
Na sala, a avó assistia novela húngara, o pai via vídeos no celular, a mãe cozinhava o nosso almoço.
Absolutamente ninguém ali falava inglês (além da filha adolescente).
Isso não impediu a avó de sentar comigo e conversar em um perfeito húngaro, me deixando completamente apavorada.
No fim, abri meu computador e mostrei fotos da minha família. Fotos das minhas avós já falecidas, eu brincando de boneca, meu pai, minha mãe, eu e meu irmão bebês tomando banho na banheira.
E foi ali, naquela casa, que tudo fez mais sentido.
As fotos nas paredes da casa húngara podiam ser as da minha.
Família sorrindo no almoço de domingo, uma criança correndo na grama, o pai com uma cerveja na mão rindo enquanto o filho bebê dorme no colo, um irmão sorrindo e o outro emburrado.
Me vi fascinada por aqueles retratos da vida.
E desde então, esse momento volta nos momentos mais desafiadores.
3.
Os últimos meses foram intensos por aqui, em casa.
Questões pessoais, familiares, situações que me atravessam (olha aí o acaso de novo).
Às vezes, me falta paciência.
Às vezes, me sobra amor.
E quando olho para eles — meus pais, meu irmão — lembro daquela família húngara.
Lembro de todas as famílias (independente da sua formação) e percebo que estamos todos, de alguma forma, vivendo o nosso caminho…
Sendo acertados em cheio pelo acaso da vida.
Você pode viajar o mundo inteiro e descobrir mil culturas diferentes — mas o que aproxima são as semelhanças.
4.
Tem uma sala no meu museu favorito — o Museu do Amanhã, no Rio — que mostra exatamente isso. O ser humano, em diferentes culturas, passando pelas mesmas situações:
A mãe amamentando.
Uma cerimônia religiosa.
A torcida comemorando o gol.
E é por isso que sigo viajando.
Não só pelos lugares, mas pelas histórias escondidas nas casas, nos almoços em família, nas fotos em molduras antigas.
Porque ali, mesmo sem falar a língua, eu sempre entendo tudo.
〰️ lendo, vendo, escutando
Eu estou lendo Crepúsculo (podem me julgar).
Minha indicação dessa semana será você lembrar que a leitura também tem como objetivo te entreter. Você não assiste sua série para derreter o cérebro? Por que não fazer isso com a leitura?
Acabei de ler “Coragem de ser imperfeito” da Brené Brown (maravilhoso perfeito) que me fez perceber o quanto eu sinto vergonha e o quanto isso me impede de crescer.
Então sim, preciso de um descanso literário bem nostálgico e talvez você também.
Nunca escutou? Escute. Já escutou? Escute de novo.
Mentoria Do Avesso pelo Mundo
Tire seu sonho de fazer um mochilão, ano sabático do papel com
leveza e pé no chão.
Não com promessas vazias, mas com planejamento,
autoconhecimento e aquele empurrãozinho que às vezes a
gente precisa pra começar.
➰ Nossa comunidade no whats “Do Avesso pelo Mundo”
Comecei a viajar sozinha sem ter todas as respostas.
Fui aprendendo no caminho — sobre grana, planejamento, medos e recomeços.
Quis criar um espaço pra facilitar esse caminho pra outras pessoas.
Hoje somos mais de 200 viajantes trocando experiências, dúvidas e aprendizados.
Quinzenalmente: encontros gratuitos com temas reais do mundo viajante!
O próximo será:
18/05: Workshop Notion | usando a plataforma na sua viagem!
É isso que me fascina ao viajar e estar em contato com outras culturas, as semelhanças e como o ser humano encontra formas de lidar com as coisas da vida.
Seres humanos com suas histórias de vida... A gente fica refletindo como estas vivências se repetem, não importa o lugar onde moram...